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Simples assim para Dilma: sai Cunha e entra Renan

A estratégia de Dilma Rousseff no momento é de tenta esvaziar os poderes da Câmara Federal e inflar as atribuições do Senado, onde tem lá Renan Calheiros, por acaso do PMDB, mesmo partido do PMDB, mas não o mesmo partido de Eduardo Cunha, da Câmara Federal. Por certo ela se remete ao impeachment de Fernando Collor, quando o presidente foi suspenso de suas atribuições depois que a Câmara aprovou a abertura do processo, assumindo interinamente o vice Itamar Franco. No momento, diante das circusntâncias, só resta a Dilma sustentar que seu afastamento só ocorreria ou ocorrerá se o Senado avalizasse ou irá avalizar a decisão da Câmara - questão constitucional.

“É natural que esse juízo acerca da instauração ou não do processo seja de fato objeto de deliberação pelos senadores da República, já que dessa instauração é que decorrerá a gravíssima consequência da suspensão do presidente da República de suas funções”, conforme anotação em texto que Dilma mandou protocolar no STF. “Não se pode admitir que tal consequência possa decorrer de um ato protocolar, sem conteúdo volitivo, como se os senhores senadores fossem meros executores. O nonsense seria absoluto.'', consta do documento.

Ao tentar levar seu destino a uma decisão dos senadores, Dilma, reconhecendo a fragilidade de sua situação na Câmara, parte para tal após o PMDB dissidente e a oposição se juntaram a Eduardo Cunha para impor à presidente uma derrota vexatória. Eduardo Cunha o que mais sabe é costurar na política e obteve 272 votos a 199, no plenário da Câmara, que aprovou em pleito secreto, uma chapa anti-Dilma, para compor a comissão especial que analisará o pedido de impeachment. Resta a Dilma pedir ao STF que anule essa votação e é nessa direção que caminham seus defensores.

O que se percebe, de olho nos atos e fatos, Dilma tenta criar uma instância intermediária, já que nitidamente está às voltas com a psicose do que está por vir. Aprovada a admissibilidade do processo na Câmara, o Senado teria de avalizar a decisão dos deputados antes de iniciar o julgamento da presidente. Se o aval fosse negado, o pedido de impeachment iria para o arquivo. Voltando ao caso de Collor, lá o Senado não teve essa opção e limitou-se a julgar o então presidente em sessões comandadas pelo presidente do STF, como manda a Constituição e o fim da história já é conhecido.

Só que tem um segundo tempo a mais, por conta do presidente do Senado, Renan Calheiros, a exemplo de Cunha, estar encalacrado na Lava Jato, porém sem romper com Dilma. Ao contrário, revela-se um aliado cada vez mais útil. Renan também protocolou no STF documento em que o Senado ecoa os argumentos do Planalto.

“Eventual decisão da Câmara dos Deputados pela admissibilidade do processamento do impeachment —de caráter essencialmente político, como sublinhado pelo acórdão do STF— em nada condiciona ou vincula o exame do recebimento ou não da denúncia popular pelo Senado Federal, visto que essa etapa já se insere no conceito de 'processamento' referido na Constituição, de competência privativa do Senado.'', conforme argumentos do Planalto e do Senado protocolados no STF.

Dilma, se correr o bicho alcança e se parar o bicho pega e está numa condição de poder saltar da grelha administratada por Eduardo Cunha para cair na chapa gerida por Renan, o morubixaba do PMDB que pode esquentar ou esfriar a chapa, dependendo da capacidade de Dilma de revelar-se útil. "Quem não tem Cunha, caça com Renan.", conforme escrevera Josias de Souza. (*) Renato Cardoso, o autor, é jornalista, publicitário e bacharel em direito.

A foto aqui em destaque se dá em homenagem a Pedro Caldeira, da Folha de São Paulo, por ser uma das melhores em fotojornalismo relacionado ao momento atual da presidente.


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