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Maria Flor fala sobre assédio feminino - agora loira, para filmar "Os Maias".

Para as filmagens de 'Os Maias', que acaba de estrear nos cinemas, Maria Flor teve que ficar loura, para cumprir o que exigira o diretor português João Botelho. "Tinha me dito que eu tinha o physique du rôle, que eu era tudo que ele tinha imaginado. Aí falei que não ia pintar o cabelo (risos)", diz Maria, que adorou a solução proposta pelo cineasta. "Ele disse pra eu usar uma peruca. Aqui, no Brasil, todo mundo pinta, usa megahair. A gente não tem hábito de usar peruca. Achei que ia ficar estranho, mas amei! A Rachel Weisz usa direto nos filmes dela", afirma a atriz, que contracenou com a americana em 360, de Fernando Meirelles. Maria dá vida a Maria Eduarda (de novo), personagem central da trama adaptada da obra de Eça de Queiroz. "É um romance do começo do século passado, que fala de incesto. Uma história totalmente machista, o homem conduz a narrativa. E o pior é que eu me considero uma mulher assim, quero que meu namorado abra a porta para mim, por exemplo. Estou tentando melhorar. Posso pagar a conta, mas tem homem que se sente diminuído com isso, afirma ela, que também conversou sobre assédio feminino. "Não vejo problema com o cara da obra que manda um elogio, dá uma azarada." Bruno Astuto ousou em umas perguntos que me pergunto reproduzir abaixo: O que mais chamou a sua atenção em 'Os Maias'? É um romance do começo do século passado. As questões masculinas são muito fortes. A aristocracia não trabalhava. Isso era para a classe operária. É tudo muito machista. A Maria Eduarda, como personagem, é brilhante. Tão interessante quanto o Carlos Eduardo. Mas é ele que conduz a narrativa. Você se considera uma feminista? Eu me considero uma mulher supermachista. Acho que a gente tem o direito de ter as mesmas possibilidades que os homens. Mas não precisa ser de forma agressiva, é preciso ter mais afeto nessas ações. As mães dos homens não podem criá-los como machistas. Mas isso é uma coisa enraizada, um raciocínio. Eu me considero machista, mas quero mudar. Tenho tentado ser menos. Posso pagar a conta, mas tem homem que se sente diminuído. Precisamos resolver essas questões na nossa cabeça. E a questão do assédio às mulheres, como você encara isso? As mulheres vivem isso de muitas formas. Desde o cara que faz uma gracinha na rua até o assédio físico em si. Ontem, eu estava no aeroporto e tomei um vinho. Um cara se aproximou e perguntou: "Você é brasileira?". "Sou", eu disse. E ele veio com aquele papinho: "Vocês são as mulheres mais bonitas...". Não sei se estou influenciada pelos relatos, mas já fiquei irritada com aquilo. Pensei: " É o quê? Tá achando que sou puta?". É muito ruim isso, do gênero feminino ser prejudicado por ser teoricamente mais frágil ou vulnerável. Mas a gente tem que tomar cuidado para não ficar tudo tão politicamente correto. Não pode tudo virar um assédio. Tem pessoas que são estupradas todos os dias. Quantos assédios não acontecem por aqui? É muito sério um padastro que passa a mão numa menina de 10 anos. Mas não vejo problema com o cara da obra que manda um elogio, dá uma azarada. Acho engraçado. A sexualidade brasileira é muito mais livre, aberta. E se fosse um gatinho mexendo com você? Aí pode?. Que outro aspecto você destaca na adaptação do romance de Eça de Queiróz? A decadência dessa aristocracia, a falência de uma estrutura sócio-econômica. Tem muito a ver com o que estamos passando aqui no Brasil. Eu acho que é superpreocupante o aumento da taxa de desempregoFui casada com um economonista, e ele me atualiza com dados mais profundos dos que os que chegam para a gente nos jornais.Espero que o governo reencontre um caminho. Toda uma faixa da população que tinha melhorado de vida, que tinha conseguido ter acesso a coisas que não tinha antes, está sendo afetada. Hoje, fui ao supermercado. Você saca que a carne está mais cara. Eu sei, vivo do meu trabalho. A conta não fecha, comer fora está caríssimo. Mas isso sou eu, burguesa, reclamando de uma situação. Tem gente perdendo seus empregos. Fábricas mandando 3.000 pessoas embora. Acabei de voltar dos EUA e não dá mais para comprar. Você teve aulas de prosódia para soar como uma portuguesa no filme? Fiquei dois meses em Portugal. Fiz preparação antes, aqui, com uma atriz portuguesa. Aprendi a falar como eles, mas confesso que já esqueci como faz. Mas não é tão complicado assim.São jeitos diferentes de falar as coisas. O sotaque é que pega. Mas como a minha personagem foi criada na França. Inventei uma coisa meio à francesa. Tive um pouco dessa sensação. Assisti ao filme no Festival do Rio e achei muito doido. É sempre estranho você se assistir. E como o diretor João Botelho chegou até você? A Clelia Bessa, produtora, disse que ele viu várias fotos e parou na minha. Então, fui tomar um café com ele aqui no Rio. Ele me disse que eu era tudo que tinha imaginado, mas que precisava que eu ficasse loura. "Eu não vou pintar meu cabelo, vou ficar horrível", disse para ele. Então, João disse que assim: "A gente faz uma peruca!". E nós dois nos amamos. Fiquei interessada por ele, um cara que tem uma vida tão rica. Achei que ia demorar três anos para o projeto sair do papel. Mas ele fez contato no mês seguinte. Eu amei essa história. Peruca não maltrata o cabelo. É bom botar e tirar a peruca. É mais teatral. Você gosta mais de fazer cinema do que TV? Eu curto essas aventuras cinematográficas. Gosto demais. Você sai da sua zona de conforto. Sai da sua casa, você precisa deixar os amigos, a família, e se mudar para outro ambiente. Isso tudo é muito enriquecedor. Na época do 'Rebu', o elenco ficou dois meses em Buenos Aires. Fonte: Coluna de Bruno Astuto.


Fazendo arte

 

Coisas de artista que provocam essa inquietude e sempre inventando moda e procurando se ajustar ao quase inajustável mundo artístico.
Mas, enfim, criado um espaço no qual passo a falar de arte, criticar arte (nos vários sentidos), promover a arte, criar um calendário de eventos artísticos, para que seja um sinalizador aos que apreciam a melhor, a de qualidade, possam ter seu destino de forma mais prática, mais eficaz e com informações acerca do que assistir, ouvir, sentir, se encantar, se emocionar. Estamos fazendo arte.

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06/11/2015: Início da programação Hip Hop em Bauru

7/11/23:Evento no o Carlola – G.R.E.S. Acadêmicos para escolha do Samba-enredo

8/11/2015: Um Canto no Botânico. 20/11/2015: Neusa Maria no Restaurante Estância Gourmet

15/11/2015: Semana do Hip Hop em Bauru

18/11/2015: Mostra Pedra da Memória, no SESC Bauru06 a

 

20/11/2015: Neusa Maria no Restaurante Estância Gourmet

 

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