
Quando nossa Piratininga estava apenas no imaginário dos então cidadãos da região, em pleno início do século XX, assim descreve Luiz Paulo Cesari Domingues:: ‘Boca do Sertão era a última estação ferroviária da linha, independente da empresa. Era o lugar para onde iam as pessoas que queriam enriquecer. Imigrantes, fazendeiros e colonos procuravam essas localidades onde se pagavam melhor. Eram lavouras de café que estavam abrindo.” Boca do Sertão, olhando a partir de hoje, era a região a oeste do Rio Tietê, com aquela imensidão de água a transpor a partir da capital paulista e tendo de Botucatu até onde era possível se estender o progresso, hoje tendo a´te o estado do Mato Grosso e chegando à Bolívia. Piratininga, Agudos, Lençóis Paulista, Duartina e as demais cidades entram nesse contexto. A maneira profunda pela abundância da zona rural e a vida camponesa intensa foram determinantes na atração dos aventureiros até nossa região, promovendo construções que se aliam a encantos naturais que se mantêm até os tempos atuais por suas belezas naturais e raridades arquitetônicas antigas, muitas delas do início do século XX. São edifícios escondidos no meio do sertão estão, espalhados por todas as áreas rurais. Parte dessas construções adormece no meio das matas, dos pastos e das plantações, e outras encontram-se ainda habitadas por agricultores e pecuaristas. Um conjunto de belezas que, se preservadas, ou no mínimo tombado, poderá se transformar em atração turística pelo lado histórico, sem igual em lugar algum do Estado. Questão de visão e respeito pelo passado, que num determinado momento merecerá a devida cobrança, por conta daqueles que dão valor ao que ocorreu antes de nossos tempos, mas que foram determinantes para que chegássemos a ser o que hoje somos. O tamanho de Piratininga No passado, o município foi ainda maior. Nos idos de 1921, por mais que pasmem, nossa Piratininga contava com uma população total de 30 mil pessoas, o dobro da atual) e por uma razão simples: nossa cidade abrigava os atuais municípios de Cabrália Paulista, Duartina, Lucianópolis e Gália. Chegada do café O café foi o que determinou a vinda dos desbravadores até Piratininga, aqui chegando através dos desbravadores, que viram no produto, a princípio, para consumo próprio e posteriormente foi cultivado entre vizinhos, porém tendo uma renda desses cafeicultores que nem de longe hegava perto das grandes fortunas que viriam surgir no futuro. Foi com a família Rodrigues Alves, um irmão do presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves, que a era das plantações surgiu em larga escala, quando adquiriu 10 mil alqueires de terras que foram chamadas de Fazenda Veado (a mesma que ficou com esse nome até pouco tempo, culminando em mãos de Elias Miguel Maluf e depois os irmãos Youshiura, hoje Fazenda São Pedro.

Foi a partir de presença tão ilustre (Virgílio Rodrigues Alves) e com prestígio no governo federal, que se deu o impulso, pelas negociações com a ferrovia da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, para que a linha que chegarva a Agudos, em 1903, avançasse até as cercanias do pequeno povoado dos Inocentes. Foi quando surgiu a estação de Brasília Paulista (foto acima), que ficava próximo a fazendo do coronel. A Fazenda Veado, hoje chamada de São Pedro, foi a grande responsável pela fundação de Piratininga. O motivo da ferrovia? Para produzir café em larga escala, era preciso dispor de transporte em larga escala e foi quando o Coronel Virgílio Rodrigues Alves doou 15 alqueires, contíguos à fazenda para a construção da vila que iria receber a estação da estrada de ferro Companhia Paulista. Aguarde os novos capítulos. (*) Renato Cardoso, o autor, é jornalista, publicitário e bacharel em direito.
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