Olhando para a foto em destaque, dá para imaginar que estamos em Piratininga, lá pelos idos de 1.967, e nossa Piratininga sendo o centro de uma ampla região do estado de São Paulo no beneficiamento de vários produtos agrícolas, a exemplo do algodão, café, arroz, feijão e com um belo alambique que transformava cana em açúcar e pinga? Pois é, naqueles anos de ouro de nossa cidade, duas máquinas movimentavam os bancos de Bauru, além dos dois de Piratininga, lembro-me rigorosamente bem, e que tempos aqueles em que os empresários de Piratininga tinham crédito sem limite para a compra das safras, para pagamento à vista aos fornecedores e devolvendo aos bancos credores o subtraído mais juros e correção, que não eram tantos? Mas isso depois da venda do produto beneficiado e comercializado em grandes centros. Os fornecedores dos produtos rurais recebiam á vista, daí a certeza de que na próxima safra os "batrícios" de Piratininga estariam de volta e honrando com sua palavra na compra de toda colheita. Aí estava o "pulo do gato" que fez com que nossa Piratininga ficasse conhecida por esse "brasilsão" todo como a cidade do beneficiamento de produtos agrícolas. A cidade que abrigava duas máquinas que transformavam grãos em produtos para consumo, de várias naturezas. Dois grupos operavam em paralelo, os Irmãos Farha, comandados por Halim e Kalim Farha e o grupo Maluf, comando por Seu Elias Miguel Maluf e tendo o sobrinho Nagib como seu braço direito. A foto em destaque mostra rigorosamente como era nossa Piratininga, nas décadas de 50 a finais de 1.970, com essa movimentação toda, que ia do local de instalação das máquinas até próximo à igreja matriz e quando não mais à frente. Não foram poucas as vezes em que saí junto ao Samir Farha pela ampla região, comprando toda colheita dos produtores rurais e tudo fechado em um pedaço de papel, tudo sendo rigorosamente honrado em toda operação. Não consigo imaginar os milhões que giravam em nossa terra, mas que o número da população dobrava, a olhos nús podia concluir... podemos deduzir pela foto. Dá para imaginar o quanto movimentava as pensões, os restaurantes e mesmo as casas comerciais? O interessante é que os que traziam os produtos colhidos, maioria na presença dos próprios agricultores, faziam de Piratininga seu ponto de negociação e muito do que se retirava nas máquinas ficava no comércio local e os caminhões não voltavam vazios e felizes eram os comerciantes que, em decorrência, faziam sua parte, valorizando sobremaneira as ousadas atitudes dos empresários das máquinas de beneficiamento que estão com certeza com seus nomes marcados em nossa história. Se não até aqui, pela foto que se eterniza, o reconhecimento pelo muito que fizeram por nossa cidade. (*) Renato Cardoso, o autor, é jornalista, publicitário e bacharel em direito.
